Eu trabalho desde os 20 anos, e claro, todas as experiências são parte do nosso crescimento e evolução. Porém, teve um emprego, que me fez muito bem.
Foi em 2008, consegui um emprego num call Center. Na verdade, única porta aberta para mim naquele momento.
Foi um dos períodos mais complicados da minha vida, perdi minha mãe, fiquei desempregada (a empresa faliu) e meu seguro desemprego ficou bloqueado, pq tinha uma pessoa com o mesmo número de PIS/PASEP que o meu. Por 3 meses, fiquei retirando dinheiro do banco para me sustentar, e quando estava no fim, desbloquearam o seguro, mas mesmo assim, eu estava gastando muito com passagens de ônibus e lanche na rua pra procurar outro trabalho.
Sempre tive dificuldades para voltar ao mercado, por ser tímida e pela situação do país também, enfim, nunca saí de um e comecei no outro, NUNCA.
Bem, um dia, foi ao Sine BH e ouvi os orientadores lá falando de 300 vagas para telemarketing, entrei na fila, mas quando começaram a falar do perfil das vagas, eu desisti.
Fui pra casa e vendo as contas em cima da mesa do computador, bateu um desespero grande, meu irmão notou que eu estava desanimada e me deu 50 reais... Mesmo agradecida, dentro de mim, eu reclamava, o que eu faria com 50 reais? Eu sei que não deveria, mas é como está nuns posts atrás de um dos colaboradores aqui, o orgulho me impedia de falar pra ele que aquilo não era nada, diante da minha situação.
Muito chateada com tudo, desanimada, me sentindo culpada por estar reclamando da ajuda do meu irmão e vários outros sentimentos que me perturbavam, decidi voltar no outro dia ao Sine. Fiquei sentada lá, pedindo a Deus um bom emprego, pedindo que não fosse num call Center e que se fosse que seja algo bem tranqüilo.
Alguns minutos sentada lá, os orientadores voltaram a falar daquelas vagas, ainda tinha 130 e quem quisesse, era só preencher a ficha.
Encarei. Preenchida a ficha, fomos para a sala de apresentação. A senhora era muito educada e eu fiquei mais tranqüila.
A apresentação foi em pé, e graças a Deus, as cadeiras estavam como em sala de aula, uma atrás da outra, odeio quando ficam uma ao lado da outra, como se fosse uma roda.
Bom, quando eu me apresentava, a coordenadora pediu para que eu falasse mais devagar, eu respirei fundo, e fiz o que ela pediu, durou uns 30 segundos e eu achei que durou 10 minutos (coisas de tímido)...Depois de ter passado nas entrevistas e teste de digitação, tivemos um treinamento de 2 semanas como atendente receptivo. Eu só iria ouvir reclamação, registrar e orientar o cliente.
Fiz “amizade” com uma menina, dentre 300 pessoas, uma menina eu consegui conversar na boa. Ela era engraçada e eu tenho mais facilidade com pessoas assim.
Quando começamos a trabalhar, nas primeiras semanas vc sempre fica de “carrapato”, uma gíria do call Center, que significa que a pessoa está só escutando e acompanhando o atendimento.
Uma semana depois, a primeira ligação como atendente...eu tive medo, uma vontade louca de desligar o telefone, a minha voz estava trêmula, e as pernas bambas...foi um terror, o cliente falava de uma coisa que eu não sabia explicar, mesmo com o auxílio de um veterano, eu não estava conseguindo. Foi assim uns 3 dias, aos pouco fui me acostumando, me acalmando, aprendendo sobre o produto que estava trabalhando e comecei a ter mais confiança ao telefone. A gagueira (da timidez) só aparecia quando eu era muito questionada.
Fiquei por lá, um ano e meio, foi uma grande evolução pra mim, pq a partir daí, passei a ter uma comunicação melhor, a falar melhor, a impor um tom de voz, perdi o receio de falar com estranhos, vou as lojas e pergunto sobre o produto, nos cursos que tenho feito, me desafio perguntando qualquer coisa pro professor, tudo isso, pq tive essa experiência com pessoas muito comunicativas, num trabalho que te faz exercitar a comunicação diária, por pelo menos 6 horas por dia e o mais importante, tive uma supervisora que, pra mim, deve ser a única extrovertida nesse mundo, a saber lhe dar com um tímido. Ela me enxergava de dentro pra fora, não me cobrava postura firme diante de um cliente, mas dizia que eu podia falar para o cliente que eu estava no comando e que eu conduzia a ligação, isso talvez para alguns seja absolutamente normal, menos pra mim, que tinha muitas dificuldades no inicio.
Pra mim, foi o emprego mais importante até hoje, pq eu percebi uma mudança em mim, uma evolução naquilo que eu achava que tinha de pior. Não deixei de ser tímida, ainda tenho minhas dificuldades, muitas inclusive, só que me sinto melhor hoje, me “viro” melhor hoje.
Outra coisa...
Não foi o melhor emprego, pq o salário era baixo, a estrutura também não agradava muito, mas em termos de crescimento, conhecimento e circunstâncias. Foi o mais importante.
Muito legal o seu relato. Antes de eu conseguir o meu primeiro emprego, fiz um curso de telemarketing. Nossa, como eu aprendi. Desde técnicas de vendas a cuidados com o que fala e a tonação da sua voz. Felizmente nunca trabalhei na área, pois odeio telefones hahahah. Ironia, mas vejo o lado bom. Me serviu de aprendizado, que depois de um tempo usei no meu primeiro emprego - trabalho no shopping center.
ResponderExcluirNossa, que bom que toda essa experiencia acabou ajudando ^_^.
ResponderExcluirMas isso é verdade mesmo, quando somos colocados em situações extremas temos que dar um jeito a força, e as vezes é a unica saída.
Esse ano na faculdade um professor me fez ler um texto por 30 minutos na frente de toda a classe e da outra classe (são duas) que eu não conhecia ninguem. Imagina a situação. Nos primeiros 10 minutos eu tremia demais, e gaguejava mais do que aqueles radios antigos que ficam sem sinal rsrs. No fim ainda estava nervoso mas sei la vi que não doeu tanto, e quem sabe na proxima nao esteja um pouco melhor. ^^
É muito importante fazer o que você fez e desafiar os medos para tentar sempre evoluir :).
Abraço!!
Joe,
ResponderExcluireu tbm odeio telefone, só fui pq já não tinha mais como fugir.
Felipe,
ResponderExcluireu já gaguejo só de imaginar vc lendo o texto hauuauauauahuahua
abçs